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Como prova de que é um dos mais importantes integrantes do universo automotivo, o Brasil já revelou muitos profissionais de diferentes áreas que ocuparam cargos de elevado nível em tradicionais empresas dos Estados Unidos e de países europeus. Esses brasileiros sempre se destacaram introduzindo nos veículos o gosto ou a influência verde e amarela em conforto, segurança, diferentes tipos de aplicação, combustíveis com menor nível de emissão de poluentes e, principalmente, em design. Com essas atuações eles contribuíram de forma permanente com o aprimoramento dos carros mundiais.
Entre esses talentosos profissionais está o designer paulista Luís Alberto Veiga, um dos precursores dessa brilhante trajetória brasileira, que, de menino descendente de pai arquiteto e que projetava os edifícios da fábrica da General Motors, em São Caetano do Sul, herdou o dom artístico de formas e cores para os mais diferentes objetos.
Com essa virtude já aos 14 aos começou a estudar modelagem técnica quando tudo era feito a mão e sem a exatidão de cálculos das peças porque nos anos 70 não existiam os sofisticados softwares e os modernos equipamentos atuais.
Seu talento começou a ser aplicado, em 1973, como ilustrador técnico na própria General Motors, na área de desenho técnico de peças - com a utilização de canetas bico-de-pena de nanquim - mas o sucesso e reconhecimento aconteceu depois de se transferir para a Volkswagen.
Nos anos de 1980, a Volkswagen Caminhões adquiriu a Chrysler, o que abriu a oportunidade para Veiga ingressar na área de design. Sua iniciativa, criatividade e gosto refinado o fizeram progredir e chamar a atenção dos principais executivos da companhia.
Numa reunião de apresentação da primeira geração da pick-up Saveiro para os diretores, o pintor se atrasou o que o levou a tomar a iniciativa de assumir a pintura do veículo. Essa atitude valeu elogios dos diretores e, algum tempo depois, foi selecionado para acompanhar o projeto na sede da empresa em Wolfsburg, na Alemanha.
A partir desse episódio, teve início a vida de viagens de Luis Veiga que ao longo de dez anos ficava três meses na Alemanha e um aqui – fase importante de sua carreira.
Nesse período, Veiga residiu na Itália e trabalhou no Ghia Estúdio para criação de dois veículos Volkswagen derivados do Escort, o Logus e o Pointer, durante a existência da Autolatina. Foi a primeira vez que teve contato com a tecnologia digital para desenvolvimento de automóveis, utilizando o primeiro computador gráfico. O mesmo trabalho detalhado foi feito para criar o sedan Ford Versailles, tendo como base o VW Santana. Carros lindos e diferentes, não tiveram acolhida favorável do mercado brasileiro, porque o público sabia serem produtos Ford produzidos pela Volkswagen e vice-versa.
Naquela época, os veículos eram projetados e depois construídos manualmente em modelos feitos em massa clay (argila profissional de modelagem) de escala 1:1 para serem aprovados pelas montadoras para a sua produção. Imagine desenhar um novo automóvel e depois construir peça por peça em tamanho real em massa e resina para validação do projeto e de cada detalhe?
Para quem nunca ouviu falar, a massa Clay ou apenas “clay” é uma massa em bastão que fica em um forno a 80 graus de temperatura e você aplica ainda quente e pastosa sobre a estrutura do novo veículo. À temperatura ambiente, fica dura o suficiente para ser esculpida com enxadinhas e lâminas e oferece ótimo acabamento.
Para quem trabalha hoje com os avançados softwares de design e simulação que permitem definir as linhas dos modelos e prever sua produção pode parecer absurdo e insano, mas era assim que os novos automóveis surgiam.
Entre os muitos projetos que realizou, Luís Veiga destaca dois: o desenvolvimento das gerações 2, 3, 4 e 5 do Gol, e o VW Fox, a sua melhor e mais importante criação.
Nos desenvolvimentos da geração 2 e 3 do Gol, Veiga estava sediado em Wolfsburg, onde chefiou um time de designers brasileiros. Foi a primeira vez que uma montadora, no caso a Volkswagen, manteve uma equipe de profissionais brasileiros exclusivamente dedicada e sediada na Europa para cuidar do desenvolvimento de novos modelos para o Brasil.
Naquela época, conta Veiga, a cada novo desenvolvimento, o Brasil levava um time de profissionais que ficavam na Alemanha por cerca de três meses. Em 1996, Veiga voltou ao Brasil como gerente de Design da VW para chefiar o centro local e trabalhar na geração 3 do Gol.
Entre 1998 e 2003 e depois após 2010, Veiga viveu em uma verdadeira ponte aérea entre São Bernardo do Campo e a Alemanha, com até duas viagens semanais. Eram tantos os voos que lhe valeu um troféu e uma inédita homenagem da alemã Lufthansa, destacado como cliente fiel e totalizando em aeronaves da companhia quilometragem superior à distância entre a terra e a lua, durante um ano.
No caso do VW Fox, Veiga revelou que sua criação foi uma ideia que defendeu permanentemente. O desenvolvimento teve início em 1998, quando durante um papo de bar com Gerson Barone, seu parceiro de trabalho, concebeu o primeiro desenho sobre um guardanapo.
Para Veiga, o projeto do Fox foi apresentado como o Gol do Futuro, um city car, com amplo espaço interno. O maior problema era que um novo compacto brasileiro não estava nos planos da empresa e, apenas por isso, não agradou todos os executivos. Mas, posteriormente, o diretor de design da Volkswagen, se convenceu da força do carro, apresentou o projeto ao presidente mundial da montadora e, em 2003, o automóvel foi lançado simultaneamente no Brasil e na Europa.
Esse mundo automotivo em que viveu e ao qual continua apaixonado fez de Luís Veiga um dos executivos mais respeitados em todo o setor automotivo. Até mesmo pelas empresas concorrentes.
Ao longo de sua carreira foi sempre recebido com as maiores honras e considerado um símbolo de criatividade, bom gosto, elegância, eficiência e forte referência positiva. Também que viveu na cidade de Postdam, na Alemanha, entre 2005 e 2010, onde desfrutou da admiração de executivos das empresas, relacionou-se com diretores e funcionários de diferentes países e prestigiou o relacionamento entre os companheiros de trabalho.
Mais algumas curiosidades sobre este excepcional profissional.
Veiga foi um dos criadores, em 2000, do concurso Volkswagen de Design direcionado para estudantes brasileiros de Desenho Industrial, Arquitetura e Decoração. O objetivo era incentivar e revelar novos talentos que, como premiação, eram contratados pela Volkswagen para trabalharem na área de design.
Entre os vencedores do concurso Volkswagen de Design estão os irmãos Marco Antonio e José Carlos Pavone, que é, desde 2016, o chefe de Design da Volkswagen para a América do Sul, função até aquela data ocupa pelo seu mentor, justamente Luiz Alberto Veiga.
Veiga lembra que, em 1991, quando tinha 12 anos, Pavone enviou o desenho de um carro ele, que respondeu com dicas de profissão e uma análise técnica sobre o projeto.
O concurso é promovido até hoje, agora com o nome de Talento Volkswagen Design, e com diferentes categorias.
Em outro momento, em 2003 e, mais uma vez muito à frente do seu tempo, Veiga foi o vencedor do concurso “Dream Car”, da revista norte-americana Motor Trend, pelo projeto de uma nova Kombi, totalmente elétrica e interativa.
Em 2008, sediado na Alemanha, desenvolveu uma nova proposta para o modelo esportivo VW SP, produzido no Brasil na década de 1970, mas o projeto não foi para frente.
Em 2010, criou, em Wolfsburg, o “Brazilian Corner”, um espaço exclusivamente brasileiro dentro do estúdio central de Design da VW AG. Nessa época, a montadora mantinha dois centros de design simultaneamente, um na Alemanha e outro no Brasil.
Conquistou, em 2017, o terceiro lugar em um concurso da NASA - agência do governo norte-americano responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial. de Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço - e do iMT para o projeto do design de novos drones para aplicações futuras
Atualmente, reside em Peruíbe e dedica parte de seu tempo a seus prazeres artísticos, com pintura de quadros, objetos decorativos e frequenta as praias em busca de produtos da natureza que usa como matérias-primas para suas obras. A outra parte ele trabalha intensamente na criação e no desenvolvimento de veículos elétricos para aplicação nos Estados Unidos, como um triciclo elétrico de alta performance, um delivery elétrico, também de três rodas, chamado de Cube, e um carrinho de golfe para circular em condomínios. Veiga adora a vida e procura dar a ela mais beleza e encantamento.
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