quarta-feira, 14 de julho de 2021

A hora dos veículos “made in Brazil” e do Trade Compliance




Marcos Gonzalez*

Todos os indicadores do setor automotivo demonstram que a recuperação sobre a brusca queda nos negócios causada pela Covid-19 no ano passado, continuam se mantendo sustentável. No fechamento deste semestre em comparação com o primeiro semestre do ano passado o setor cresceu 32,8% em licenciamentos, 67,5% em exportações e 57,5% em exportações.

No acumulado dos seis meses deste ano foram comercializados 1,074 milhão de veículos, exportados 200,1 mil e a produção total foi de 1,148 milhão. Mas a indústria tem como parâmetro, os resultados de 2019, último ano sem pandemia, quando os resultados da primeira metade do ano foram os seguintes: 1,308 milhão de veículos licenciados, 227,3 mil exportados e 1,474 milhão.

Certamente, embora estejamos próximos, ainda não alcançamos a desejável performance de 2019, mas é preciso sempre lembrar que, infelizmente, seguimos na luta contra a pandemia. O Brasil foi fortemente impactado por uma segunda onda de incremento dos contágios no início deste ano, tivemos paradas em diversos setores, antecipação de feriados e há, como agravante, o fato do setor automotivo sofrer com a falta de componentes vitais como os semicondutores.

De acordo com levantamento do Boston Consulting Group (BCG), divulgado pela Anfavea, mais de 3,6 milhões de veículos deixaram de ser produzidos de janeiro a junho deste ano, em todo o mundo, por falta de semicondutores. A consultoria estima que, no Brasil, mais de 100 mil unidades não foram produzidas por falta deste componente.

A estimativa do BCG é que, neste ano, perto de 7 milhões de veículos deixem de ser produzidos no mundo, devido a este problema. Ou seja, pelo andar da carruagem, essa situação não vai se normalizar neste ano, com alguma expectativa de volta à normalidade apenas no final do segundo semestre de 2022.

Mas a boa notícia é que, em todo o mundo, o setor automotivo se recuperou extraordinariamente bem. E no Brasil não foi diferente. Não fosse a pandemia avançar por 2021, também, a falta de componentes, é certo que tanto licenciamentos quanto produção estariam próximos do mesmo ritmo de 2019.

Com imunização em massa andando relativamente bem em todo o País e estimativa de um PIB mais robusto neste ano, possivelmente acima de 4%, as montadoras projetam expansão de 13% em vendas comparando com o ano passado, chegando a 2,320 milhões de unidades com especial incremento nas exportações cuja expectativa é chegar perto de 390 mil unidades, registrando expansão de 20% sobre os resultados de 2020.

Com veículos “made in Brazil” conquistando mais consumidores na América Latina e, também, em países africanos, é fundamental que toda cadeia automotiva se prepare técnica e estruturalmente para tornar nossos produtos cada vez mais competitivos no exterior.

Enquanto veículos mais tecnológicos, com alto grau de engenharia, são mais solicitados, igualmente especialistas em Trade Compliance devem entrar em ação no sentido de facilitar, agilizar e potencializar os savings nas transações internacionais.

*Marcos Gonzalez é o diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex. Formado em Engenharia, com pós-graduação em Administração e MBA em Gestão Fiscal e Tributária, o executivo acumula mais de 35 anos de experiência profissional em empresas do setor automotivo. Gonzalez tem sólida carreira desenvolvida em empresas multinacionais com forte experiência na prospecção e desenvolvimento de novos negócios e habilidade multicultural adquirida no desenvolvimento de atividades comerciais junto a clientes no exterior.

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