Matéria publicada na 3ªedição do jornal Na Pista
Matéria: Marcel Agarie
Foto: Arquivo pessoal Karen Jones
Mulheres falam das dificuldades de ser uma skatista no Brasil
Marcas e cicatrizes por todo o corpo não é nenhum problema para estas meninas, que mesmo diante de uma manobra difícil de acertar, não deixam de encantar muito marmanjo com suas belezas e suas manobras nas pistas de skate.
É evidente o crescimento do skate feminino no Brasil. Nas ruas e pistas espalhadas pelo país, já é comum se ver mulheres dividindo os mesmos picos com os homens.
O empresário e skatista Jorge Kuge acompanhou a trajetória do skate feminino desde a década de 80, quando a geração de Mônica Polistchuck e Denise Siqueira, pioneiras no vertical, arriscavam as primeiras manobras. Ele enxerga o crescimento da mulherada como algo natural. “As meninas sempre buscaram com muito esforço e dedicação seu espaço na cena do esporte em geral, e não poderia ser diferente no skate”, opina.
Por outro lado, o bicampeão mundial Ferrugem acredita que este crescimento no Brasil ainda está devagar. “Estive em um campeonato amador em Curitiba e no feminino só havia 2 meninas inscritas. Assisti o aquecimento delas e vi que andavam muito bem”, lamenta. Para o campeão, as mulheres poderiam estar melhores se tivessem mais incentivo.
Skatista há 13 anos, Christie Aleixo vê o número de adeptas aumentarem, porém ressalta a desatenção sobre elas. “Falta apoio para quem chega ao ponto de desenvolver trabalhos mais efetivos com a modalidade”, avisa.
Andando de skate há 3 anos, Fernanda Valiati reclama que muitos campeonatos não possuem categoria feminina. A jovem Jéssica Hoefler, de apenas 17 anos, 5 de skate, compartilha o mesmo pensamento da colega. “Geralmente não tem a categoria feminina nos campeonatos e isso prejudica bastante tanto o crescimento da categoria, quanto o desempenho das meninas”, ressalta.
Tatiane Marques, que se apresentou no X-Games Brasil deste ano, entende que a falta de um bom patrocínio são as maiores dificuldades das skatistas. Segundo ela, há poucos patrocinadores, e os que existem, acabam focando em poucos atletas e deixando a grande maioria de lado. Marques acrescenta que “isso resulta em muitas meninas a pararem de andar de skate e também em menos eventos direcionados para elas”.
Campeã Mundial em 2006, Karen Jones também concorda que faltam bons patrocínios, incentivo e eventos para o skate feminino. Por falta de competidoras, Jones disputou a bateria do último X-Games Brasil entre os homens e ficou feliz com a recepção que teve. “Considero como uma conquista não ter sido ‘excluída’ do evento, pelo contrário, todos fizeram questão que eu fizesse parte dele. Andei com muita vontade e fiquei muito feliz em perceber o reconhecimento do público e da mídia”.
Dividir as pistas com os homens não parece problema para nenhuma delas. Christie diz que sempre andou com eles e na hora de subir no shape, não tem essa de menino ou menina. “Skate é skate”.
Fernanda Valiati diz que os homens costumam respeitar, mas lembra que sempre tem os “sem-noção que atropelam as meninas como se fossem moleques”. Para Tatiane Marques, dividir um pico com a classe masculina é bom porque há muitos “skatistas bonitos”. Mas não é só isto não. Em seguida ela completa: “por serem mais agressivos, nos passam muita base. Aprendemos muito observando os meninos andando de skate”.
Para as meninas que estão iniciando, a jovem Jéssica pede para que não desistam com os hematomas que irão surgir na canelas. Usem equipamentos de segurança, para terem mais confiança. Christie dá uma dica mais filosófica. “Andem de skate sem ilusão. A prática e sua evolução pessoal é o mais importante. A sensação e a superação é você quem sentirá e desenvolverá. Ou seja, não se preocupem com as pessoas.”
Maiores informações sobre campeonatos e o que está rolando no skate feminino, visitem o site da Associação Brasileira de Skate Feminino, www.absfe.blogspot.com .
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